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terça-feira, 5 de março de 2013

EVANGELHO DE JOÃO


                                                   EVANGELHO DE JOÃO
O símbolo de João é a águia, que “voa mais alto para ver melhor”. João não se limita a leis e
fatos. É um Evangelho de uma grande espiritualidade, o que não significa que seja um evangelho
“espiritualista” ou desencarnado. Ao contrário, ele é também muito histórico. Foi escrito no chão da
vida de comunidades que buscavam viver a proposta de Jesus. Por isso, o Quarto Evangelho é fruto
da comunidade, se existe vida existe uma comunidade, onde esta vida procura florescer e dar frutos.
 Uma figura importante do Evangelho é o “Discípulo Amado”.










 O verbo Amar é importante no
Evangelho de João, porque aparece muitas vezes, e porque João afirma que Jesus amou e “amou-os
até o fim” (Jo 13,1), até o ponto de dar a vida pelos seus.
 A “palavra chave” do Evangelho de João é VIDA. E, por isso, a frase mais importante está em
João 10,10: “Eu vim para que tenham a vida, e a tenham em abundância” (este é o resumo de
todo o Evangelho).
ESQUEMA DESCENDENTE E ASCENDENTE DO PRÓLOGO (Jo 1,1-18)
Verbo = Deus (1-2) Verbo = Deus (18)
 Criação (3) Nova Criação (17)
 Humanidade (4-5) Dom (16)
 Batista (6-8) Batista (15)
 Encarnação (9) Encarnação (13-14)
 Não receberam (9-11) Receberam (12)
1. João e os Sinóticos:
 O Evangelho de João é diferente dos outros três (Sinóticos). João dá uma interpretação mais
profunda da vida de Jesus. Exemplo: no milagre do cego de nascença, quando Jesus lhe devolveu a
vista (9,1-41). João se pergunta: por que Jesus fez isso? A resposta é: Jesus queria mostrar que veio
trazer a luz para a Humanidade. Ele é a luz do mundo. Foi o mesmo Jesus quem falou e provou isso.
O mesmo sucedeu com a ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-54). João quer mostrar que Jesus veio para
trazer a vida.
 João nos ensina como devemos ler os outros três Evangelhos. Não devemos ficar só na
superfície das coisas, mas penetrar dentro delas para compreender aquilo que a mensagem quer
dizer: ir dentro dos fatos, interpretá-los...
 O símbolo de João é a águia. A águia voa alto, para ver melhor, como diz o provérbio “águas
paradas são fundas”. Por exemplo, a descendência de Jesus varia e vai mais distante quanto mais
tarde se escreve:
 - Marcos: Jesus aparece no Batismo e anunciando o Reino (Mc 1,9.15);
 - Mateus: Jesus é descendente de Abraão (Mt 1,1ss);
 - Lucas: Jesus vem de Adão (Lc 3,23-38);
 - João: Jesus está no princípio da vida (Jo 1,1).
 Este “no princípio” que encontramos no Evangelho de João, é o mesmo da primeira frase da
Bíblia (Gn 1,1). Jesus vêm inaugurar a Nova Criação e Ele pode fazer isso, pois estava presente na
primeira Criação.
 No Evangelho de João, a primeira semana é muito importante. O Evangelho inicia com uma
semana simbólica, onde temos o testemunho de João Batista e a adesão dos primeiros discípulos e a
semana tem seu ponto alto no sexto dia (o casamento em Caná da Galiléia).
 Algumas diferenças entre João e os Sinóticos:  - João não usa a expressão “Reino de Deus (ou dos Céus)”. Somente duas vezes e sempre no
sentido escatológico. João prefere usar a palavra “Vida” como símbolo do projeto de Jesus.
 - João usa a palavra “Sinais” e não “Milagres”; “comparações” e não “parábolas”.
 - A purificação do templo em João aparece no começo do Evangelho (Jo 2,13-22) e não no
fim como nos Evangelhos Sinóticos (Mt 21,12-13; Mc 11,11.15-17; Lc 19,45-46).
 - Ao contrário dos Evangelhos Sinóticos, em João os Samaritanos são bem vistos.
 - “Judeus” representam o judaísmo oficial; “mundo” representa os romanos. Cuidado com
esses dois grupos. “Mundo” pode representar também aqueles que não crêem em Jesus.
 2. A Comunidade do Evangelho de João:
 A comunidade onde João vive e para quem escreve o Evangelho, é uma comunidade que está
levando a sério a vida cristã e a proposta de Jesus. É uma comunidade que está sendo perseguida
(época do Apocalipse). Existe o conflito com os judeus (nesta época o cristianismo já foi expulso
das sinagogas).
 É uma comunidade que vive o amor. Comunidade de irmãos e amigos. “Eu vos chamo
amigos” (Jo 15,15). A relação é de igualdade. Não é a relação de “Senhor x servo”; mas pessoa x
Deus. Não é pai x filho, mas um Deus paternal. Amigo x Amigo.
 Não há discriminação na comunidade. Existe a assembléia, onde todos devem ser iguais.
Exemplo disso é o texto de Jo 15. Jesus é a videira e todos são os ramos. Os ramos são iguais.
 A comunidade deve ser “Testemunha”. Quem escreve é o “Discípulo Amado” que deu
testemunho dessas coisas e que as escreveu. Mas a comunidade também deve confirmar: “E nós
sabemos que o seu testemunho é verdadeiro” (Jo 21,24).
 3. A “Hora de Jesus”:
 João nos conduz à “hora” de Jesus em duas etapas. Na primeira, ele narra os “sinais” que
Jesus fazia e que demonstravam, para quem estava disposto a crer, que Jesus é o Enviado do Pai
(cap. 1-12). “Minha hora ainda não chegou” (2,4)...
 Na segunda etapa, ele descreve a “hora” de Jesus, quando Jesus mostra a glória de Deus, o
rosto do Pai, indo até o fim da sua missão (cap. 13-20). “Pai, é chegada a hora” (16,2); “Vem a
hora, e já chegou” (16,32). A palavra “hora” aparece 26 vezes neste Evangelho.
4. Os contrastes:
 - do lado de Deus - do lado oposto / do outro lado
 - Deus - mundo (romanos ou o judaísmo)
 - “de cima”; “do alto” - “de baixo”; “daqui”
 - celeste / eterno - terreno / perecível
 - espírito - carne
 - luz - trevas
 - vida - morte
 - verdade / fidelidade - mentira / incredulidade
 - liberdade - escravidão
 5. Três figuras importantes em João
 1) Jo 3,1-21 - Nicodemos: símbolo do novo povo de Deus; / ou dos que tem medo
 (noite);
 2) Jo 9,1-41 - O Cego de Nascença: simboliza a comunidade que não tomou consciência
 de sua situação de cegueira. Mostra o conflito com aqueles que mantém o
 povo na “escuridão”;
 3) Jo 11,1-57 - A ressurreição de Lázaro: A vida plena da ressurreição já está presente
 naqueles que pertencem à comunidade de Jesus. 6. As Festas (vazias) dos judeus e a Festa da Vida:
 2,13 - Páscoa
 5,1 - Não definida
 6,4 - Páscoa
 7,2 - Festa das Tendas
 10,22 - Dedicação
 11,55 - Páscoa
 20 - Ressurreição. É verdadeira festa. As demais são “frias” e já sem sentido.
 7. Os 7 sinais: Existe Jesus traz
 2,1-11 - Bodas de Caná falta de “vinho” - Amor
 4,46-54 - Cura do filho do funcionário doença - Saúde
 5,1-18 - Cura do paralítico abandono / exclusão - Solidariedade
 6,1-15 - Multiplicação dos pães fome - Partilha
 6,16-21 - Jesus caminha sobre as águas medo - Confiança
 9,1-41 - Cura do cego cegueira - Luz / Visão
 11,1-44 - Ressurreição de Lázaro morte - Vida
8. O Discípulo Amado:
 13,23-26 - Na última Ceia
 19,26-27 - Aos pés das cruz
 20,2-10 - Na Ressurreição
 21,7.20.24 - No mar da Galiléia depois da Ressurreição
 1,35; 18,15 - Discípulo anônimo
 Mas, quem é este “Discípulo Amado”? Várias hipóteses são propostas: o Apóstolo João, o
autor do Evangelho, Lázaro, Maria Madalena, a comunidade...
9. As mulheres em João:
 O papel desempenhado pelas Mulheres em João é muito especial (Jo 2,1-12; 4,1-42; 11,1-44;
12,1-11; 16,20-22; 19,25,27; 20,11-18). Isso leva a crer que as mulheres tinham uma função muito
importante na comunidade e também nas liturgias. Maria aparece duas vezes somente neste
Evangelho. No começo (Jo 2,1) e aos pés da cruz (Jo 19,25).
 Jo 4,1-1-42: A Samaritana é levada a perceber que Jesus é o Cristo. Os samaritanos crêem por
causa da mulher e em sua oração. A samaritana se torna missionária (4,39).
 Jo 11,5 nos diz que Jesus amava Marta, Maria e Lázaro. Em Jo 20,16, Maria Madalena
reconhece Jesus quando a chama pelo nome. E em João são as mulheres que vão primeiro ao
sepulcro ainda de madrugada (Jo 20,1). Maria Madalena vê o próprio Jesus e vai anunciar aos
discípulos (20,18). Torna-se “testemunha” da ressurreição.
 10. Jesus é o “Novo Moisés”
 É interessante ver como no Evangelho a figura de Jesus é apresentada como sendo um novo
Moisés. Já segundo Dt 18,15.18-19 havia a promessa que Deus enviaria um Profeta maior que
Moisés. Em Jesus se cumpre esta promessa. Ele é o profeta por excelência (Jo 6,14; 7,40.52). Da
mesma forma como Moisés trouxe os 10 Mandamentos, Jesus traz o Mandamento novo: o Amor e
pede que nos amemos uns aos outros como ele nos amou (Jo 13,34-35; 15,12-17). A Moisés Deus
havia revelado seu Nome: “Eu Sou” (Ex 3,14). Jesus assume este Nome (veja abaixo) e revela ainda
o rosto divino de Deus que é também Pai (Jo 17,1.11.24-25). Por isso, diante de Deus nós devemos
agir e obedecer, não como escravos, mas como amigos (Jo 15,15; 8,34-36). Assim como Deus agiu
através de Moisés, Jesus também realiza os sinais para mostrar que sua obra é de Deus.  11. “EU SOU”
Jesus, que também era hebreu, utilizou para si o mesmo verbo com o qual Deus se manifestou em Ex
3,13-14. É importante analisar esta expressão no Evangelho de João. O evangelista conhece a fundo o AT,
conhece a cultura e a religião hebraica. Por isso, neste Evangelho, é interessante ver como o verbo “ser” é
muito freqüente. E nos interessa muito que em João por três vezes1
 (número da unidade) Jesus utiliza para si
a expressão “EU SOU” sem que tenha algum complemento (Jo 8,24.28; 8,58; 13,19)2
.
 Outra constatação importante é que quando Jesus usa o complemento ao verbo, o faz por sete vezes.
Ou seja por sete vezes (o número perfeito) Jesus diz o que Ele é!
 1) Eu sou o Pão da Vida (6,36.41.48.51);
 2) Eu sou a Luz do mundo (8,12; 9,5);
 3) Eu sou a Porta (Jo 10,7.9.11.14);
 4) Eu sou o Bom Pastor (Jo 10,11.14);
 5) Eu sou a Ressurreição e a Vida (Jo 11,25);
 6) Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6);
 7) Eu sou a Videira Verdadeira (15,1.5).

 12. Outras “Palavras-chaves” em João:
 a) O “Testemunho”, vem do grego: marturi,a. Importante ver quem é que dá Testemunho
e de quem é que dá “Testemunho”.
 b) No Evangelho de João existe uma “procura”, um “encontrar”. Sublinhe estas palavras.
 c) O verbo “entregar” é significativo: quem entrega o que, quem...
 d) O “Julgamento” é importante em João.
 e) Os verbos “crer e acreditar” são muito freqüentes e muito bem empregados.
 f) A “glória” de Jesus e todas as expressões do verbo “glorificar”.
 g) O Verbo “amar” e o substantivo “amor” aparecem tantas vezes!
 h) Verbos: “conhecer”, “ver”, “permanecer”...
 i) A “vida eterna”.
 13. Divisão do Evangelho:
 Prólogo: 1,1-18
 I PARTE: O Livro dos Sinais: 1,19–12,50
 II PARTE: O Grande Sinal: 13,1–20,29
 Epílogos: 20,30–21,25
 14. O “Mundo”: a palavra “mundo” no Evangelho de João tem um sentido especial. Significa
quem é contra Jesus. Podem ser os chefes dos judeus, os romanos ou aqueles que não crêem. Em
geral é negativa (6 vezes em Jo 15,18-19; 18 vezes em Jo 17).
15. Autor:
 É muito difícil encontrar uma afirmação segura sobre quem seria o autor deste Evangelho. As
tradições mais antigas e Irineu de Lião afirmam ser o Apóstolo João, daí também provém o nome.
Mas durante a história encontramos mais de vinte hipóteses, inclusive Lázaro, Maria Madalena...
Outra possibilidade seria que o Evangelho tenha sido escrito em várias etapas e depois alguém
tenha feito a redação final. Para o povo das nossas comunidades o mais importante é o texto do
Evangelho, que é tão bonito e profundo, e saber que foi escrito por um “discípulo amado de Jesus”!
Nunca vamos saber ao certo quem foi seu autor.
1
 Consideramos Jo 8,24 e depois 8,28 uma única vez, pois é uma repetição dentro do mesmo contexto.
2
 No Evangelho de João aparece ainda várias vezes a expressão “Sou eu” (Jo 4,26; 6,20; 7,28; 8,16; 9,9; etc), mas não no sentido forte como nesses três casos.
                                                   ATUALIZAÇÃO:
JESUS RESSUSCITOU! Foi a grande e boa notícia da manhã do primeiro dia da
semana! Foi levando esta boa notícia que a Igreja se espalhou pelo mundo
afora. Como continuarmos a transmitir esta boa notícia hoje?
- Como Maria Madalena: que não teve medo e saiu de madrugada;
- Como Pedro e o discípulo amado que correram. Viram e acreditaram;
- “Voltando-se”, olhar para Jesus e não para o túmulo vazio...
- Escutar a voz que nos chama pelo nome;
- Dar testemunho e anunciar a boa notícia;
- Ficar na comunidade, pois fora dela, podemos nos enganar como Tomé;
- Afirmar como Tomé que Jesus é: “Meu Senhor e Meu Deus!”
- Nas “noites escuras e sem peixes” da nossa vida, devemos ter sempre a
confiança que Ele está de pé lá na beira da praia;
- Podemos fazer a nossa força e ajudar a conduzir esta “rede cheia de peixes”
que é a Igreja de Jesus;
- Ser contra tantas divisões que “rompem a rede”. Hoje com outras Igrejas
devemos trabalhar pelo ecumenismo e pela unidade dos cristãos!
- Fazer a nossa parte e apascentar as “ovelhas” de Jesus;
- Dar testemunho de Jesus Cristo Ressuscitado e vivo no meio de nós!
- A Bíblia permanece como o “livro aberto”. Vamos ler e conhecer a mensagem
de Deus e colocá-la em prática... - Há ainda muitos outros sinais... Devemos abrir os olhos e ver em todos os
lugares os “sinais” que hoje nos levam à Vida Eterna que Jesus tanto anunciou!
ORAÇÃO FINAL:
- Concluímos o Evangelho de João Orando um Pai Nosso, sinal do amor que
temos por Jesus e que nos ensinou a chamar Deus de Pai... Agradecidos pelo
pão “nosso” de cada dia e pelo perdão dos pecados...

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